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A população carcerária do Amazonas está recebendo cursos profissionalizantes de serviços de limpeza, higienização e conservação de ambientes.  Além das capacitações, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e a Umanizzare Gestão Prisional, empresa que faz cogestão em seis presídios do Estado, pretendem com as atividades gerar nova consciência de preservação e de valores ao reeducando no processo de ressocialização, como:  a prática e os benefícios do trabalho dentro das unidades.

De acordo com a gerente técnica da Umanizzare, Sheryde Karoline, a preservação ambiental deve ser vista como uma obrigação de todos, inclusive das pessoas privadas de liberdade, uma vez que manter o local em que se inserem limpo e sustentável torna o ambiente mais humano.

“Além disso, o trabalho, seja por meio da pintura de grades, dos cuidados com a horta, da arrumação das bibliotecas, da limpeza dos pavilhões ou das salas onde os cursos acontecem, tira o interno (a) da ociosidade e ainda lhe garante o direito à remição de pena pelos afazeres”, enfatizou Sheryde.

Além de receber o direito à remição de pena, o reeducando terá mais facilidade em ingressar no mercado de trabalho, após o cumprimento de pena, diminuindo a possibilidade de reincidir.

No Centro de Detenção Provisória Feminino(CDPF) ao menos 20 internas se colocaram à disposição dos projetos que qualificam, exigem tarefas no dia-a-dia e garantem dias a menos em cárcere.  As reeducandas, Jaqueline Rocha e Maria Missilene de Oliveira, dizem que jamais poderiam imaginar que a primeira oportunidade de um curso profissionalizante surgiria em circunstâncias em que menos esperavam: na penitenciária, por cumprimento de pena por tráfico de drogas.  As custodiadas receberam informações técnicas de pintura e conservação predial e hoje trabalham em regime fechado, quando ainda segundo elas, nunca haviam tido emprego formal.

“Me sinto útil, responsável. O tempo passa mais rápido também. O trabalho aqui dentro ampliou minha visão para um futuro melhor, descobri que não é vergonha varrer um chão, trabalhar como doméstica, por exemplo, ao contrário, valoriza quem sou, me possibilita andar de cabeça erguida aqui e vai ser assim também lá fora”, disse Jaqueline.    

Pensamento semelhante tem o interno, Danilo Fernandes, que há três anos cumpre pena no Centro de Detenção Provisória de Manaus (CDPM) – e não perde as oportunidades oferecidas. Ele já participou do curso de Teologia, e estuda para concluir o segundo grau (Enceeja), “jamais imaginei que ganharia uma profissão aqui dentro – estou capacitado para trabalhar em pinturas prediais. Para não perder a prática eu me coloquei à disposição da unidade para trabalhar, ajudar na conservação do prédio, e com isso terei o direito à remição de pena pelos serviços prestados”, enfatizou Danilo.

Remição de Pena – No âmbito do sistema penal brasileiro, a remição da pena pode ser feita pelo estudo e trabalho, seja no regime fechado ou semiaberto.  Assim, pelo desempenho da atividade laborativa ou do estudo, o preso resgata parte da condenação que lhe foi imposta, diminuindo seu tempo de duração. A cada três dias trabalhados, o preso tem direito à diminuição de 1 dia na pena.