Momento terapêutico dentro da Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) promove a interação e o respeito entre reeducandos. Nos encontros do ‘Grupo Operativo’ são realizadas exibição de vídeos, músicas e debates de temas como “a prisão e suas consequências”. O projeto é desenvolvido pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), em parceria com a co-gestora das unidades prisionais, a Umanizzare Gestão Prisional.
As abordagens são escolhidas pelas psicólogas Alessandra Cabral e Lilian Batista e os estagiários Luiz Henrique de Almeida e Fabrício Alexandre Aguiar que trazem, ainda, temas relacionados à exclusão social, perspectivas futuras, vínculos familiares e afetivos.
De acordo com a psicóloga, Alessandra Cabral, o encontro do grupo operativo aconteceu entre os dias 13 outubro a 16 de novembro. Além de promover a interação entre reeducandos, estabeleceu relações que possibilitem uma reflexão ampla sobre aspectos referentes à dignidade, ética, autoestima, respeito por si e pelo outro, valores e liberdade.
“Participaram 12 reeducandos nesse primeiro grupo, que foram pré-selecionados, em sua maioria, sentenciados ou com mais tempo na unidade. O grupo operativo tem entre 4 a 5 encontros, sendo um encontro por semana, que em sua maioria foram as quintas pela parte da manhã”, explica a psicóloga.
Alessandra conta que a expectativa dos profissionais envolvidos no trabalho terapêutico foi bem além do esperado. Segundo ela, o pensamento inicial era que os reeducandos não aceitariam a proposta, mas foram surpreendidos ao ver que eles esperavam ansiosos pelo dia do encontro do grupo operativo.
“Ficamos tão satisfeitas com o resultado que já estamos selecionando reeducandos para participarem dos próximos grupos que acontecerão em breve”, explica.
*Surgimento*
O trabalho do grupo operativo nasceu de uma demanda por parte do coordenador Valter Sales Pinto, tendo suporte da empresa Umanizzare Gestão Prisional Privada. A partir desse momento o grupo ganhou forma, com horário e local, facilitando assim, o trabalho de adaptar as técnicas de acordo com a realidade dos pacientes, baseado na teoria de Pichon Rivière, que constituiu a técnica terapêutica de atendimento grupal.
O reeducando Emerson Pereira alegou que esse projeto foi muito importante, trazendo benefícios a ele. “Eu aprendi que antes de tomar uma atitude tenho que avaliar se estou fazendo a coisa certa”, comentou.
Para o reeducando, Misac Gonçalves, o momento de grupo operativo colaborou para despertar o sentimento de mudança. “Aqui a gente começa a pensar e ver que existe possibilidade de mudança em nossas vidas”, indaga.
A psicóloga Alessandra Cabral comenta que com o passar dos encontros, os participantes mostraram aceitação a proposta ofertada, tornando visível a integração entre eles, empatia e respeito ao próximo, facilidade de exporem seus sentimentos e angústias e nova maneira de se relacionar com o outro.
“O resultado dos encontros foi que a autoestima dos participantes se fortaleceu, promovendo o crescimento emocional, autonomia – tendo em conta suas limitações, procurando reforçar e equilibrar o nível pessoal, intelectual e emocional, potencializando seu bem-estar em busca da melhora na sua qualidade de vida e a capacidade de julgamento da realidade”, afirma.